domingo, 18 de setembro de 2011

GEOGRAFIA SUMÁRIA DE CARAPICUÍBA

Quatro cursos d’água batizam os limites de Carapicuíba. Do Sul, onde está o Município de Cotia, descem dois deles: O Ribeirão Carapicuíba a Leste, na divisa de Osasco; e o Rio Cotia; a Oeste, confrontando com Jandira e Barueri. Ambos vão desaguar no Tietê, que corre ao Norte do Município separando-o de Barueri. Finalmente ao Sul serpenteia o Ribeirão Moinho Velho.
Se os quatro Rios fossem retilíneos e paralelos o mapa de Carapicuíba seria um retângulo perfeito. Mas eles são bastante sinuosos. Então a figura mais parece um retângulo distorcido, sofredor.
Carapicuíba se estende numa superfície de quase 35 km² que não atinge a Rodovia Castelo Branco ao Norte nem a rodovia Raposo Tavares ao Sul. Durante muito tempo o Rio Tietê barrou a passagem para a rodovia Castelo Branco e, como acontece ainda hoje, sendo precária a ligação com a rodovia Raposo Tavares, Carapicuíba esteve praticamente isolada, com deficiência de circulação e transporte.
A construção do viaduto sobre o Rio Tietê inaugurada às vésperas da eleição de 1988 veio minorar consideravelmente essa dificuldade embora continue penosa a circulação no sentido Norte/Sul e trajeto contrário.
  


RELEVO

De Norte para o Sul Carapicuíba apresenta dois aspectos distintos: a Planície e a região acidentada.

1.     Ao Sul, ao longo do Rio Tiete, de Leste a Oeste, estende-se uma faixa plana com a largura média de 500 metros: é a Planície Sedimentar.
2.     Segue-se uma vasta área bastante irregular, subindo até as divisas de Cotia, ao Sul: é a Região Acidentada.

A Planície foi formada pelos depósitos sedimentares do Rio Tietê e apresenta-se quase que perfeitamente plana.
A área acidentada assemelha-se a uma cobertura amarfanhada, de inclinação ascendente, sentido Norte/Sul. Coleando sobre tal superfície, os dois cursos d´água Carapicuíba e Cotia descem das bandas de Cotia até sua foz, no Rio Tietê. Possuindo afluentes e confluentes, juntamente com as enxurradas das chuvas, através dos milênios, elas foram e continuam sendo as responsáveis pela escavação do solo. Desbastando as alturas esculpem morros e depressões corroendo as rochas mais tenras que são depositadas nas Planícies ou transportadas pelo Rio Tietê e deixando alteadas as mais resistentes. Criam, assim, verdadeira compartimentação da superfície, dando a Carapicuíba esse aspecto de desnivelamentos marcantes com íngremes ladeiras, ribanceiras, grotas, colinas e depressões onde se aninham brejos e lagos.

PLANÍCIE

Desde Osasco até Barueri, a Planície vai se inclinando suavemente para Oeste, em ambos os lados do Tietê. Ao penetrar em território carapicuibano, a Leste, apresenta cotas de 724m sobre o nível do mar. Ao retirar-se, mostra altitudes de 714m. Há, portanto, entre uma e outra extremidade o desnível de 10 metros na extensão de cinco km.
A disposição Leste/Oeste do comprido Rio condicionou o rumo das vias de comunicação traçadas pelo homem: os índios, os primeiros habitantes, ou desciam o Rio em canoas ou por terra, acompanhavam-lhe o curso, a alguma distância da margem esquerda, evitando brejos, atoleiros e alagados. Assim nasceu o caminho velho para Itu e Sorocaba, passando pela atual Avenida dos Autonomistas, em Osasco, desde Butantã, seguindo pelas atuais: Avenida dos Autonomistas e Deputado Emílio Carlos. Devido à largura das terras alagadas ou pantanosas, somente em Barueri conseguiam transpor o Tietê, passando para a margem direita.
Mais tarde, a partir de 1871, quando foi assentada a linha da Estrada de Ferro Sorocabana, hoje CPTM, também seguiu traçado paralelo ao Rio, entre sua margem esquerda e o velho caminho de Itu. Sentido Leste/Oeste.
A Ferrovia no sentido da Planície carapicuibana, possui três estações: general Miguel Costa, Carapicuíba e Santa Terezinha. A primeira, no km 21, antigamente era conhecida por Matadouro, em razão da existência, ali, do matadouro de bois da Prefeitura de São Paulo. Embora construída em terras de Osasco, bem na divisa dos dois municípios, essa estação é bem valiosa para Carapicuíba, nela embarcando e desembarcando milhares de pessoas residentes no Conjunto Habitacional Castelo Branco, de Carapicuíba.
A segunda estação Carapicuíba tomou o nome da Cidade. É conjugada ao Terminal Rodo-Ferroviário, com suas várias plataformas, de onde partem quase todos os ônibus destinando-se aos bairros da cidade. Finalmente, a terceira estação Santa Terezinha, localiza-se no km 24 da Ferrovia, próximo da divisa de Barueri. Recebeu tal nome devido à existência, ali, do antigo Educandário Luiz Galvão pertencente à Associação Santa Terezinha que deu nome a todo o bairro.
Essa comprida e estreita Planície sedimental com cerca de 5 km de extensão por 500 metros de largura, em média, por onde coleia o Tietê e trafegam comboios ferroviários, ônibus, automóveis e caminhões constitui verdadeiro corredor de passagem, ligando capital e interior do Estado. Passando por Osasco, rumo a Barueri, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Jandira, Itapevi, no sentido Leste/Oeste, segue a direção do Tiete.
Antigas pastagens de gado, olarias e curtumes se estabeleceram até a quatro décadas. Pelo trecho plano da antiga Avenida Rui Barbosa até o antigo Coreto da Praça Toufic Joulian - atual posto de Polícia Militar e hoje atual calçadão – se estendeu a rede bancária, algumas casas comerciais e vários outros estabelecimentos e na antiga Rua Sônia Maria – atual Avenida Mário Covas – estava instalado o antigo prédio da Prefeitura e mais outros estabelecimentos e residências que margeavam a linha férrea. Todo esse complexo foi desapropriado na gestão do ex-prefeito Fuad Chucre para a ampliação da malha viária do Município que já não mais suportava caótico transito. Mais próximo do Rio Tietê está a Lagoa de Carapicuíba de onde se extraia areia de construção e ao seu lado direito estava o antigo lixão de Carapicuíba, hoje aterrado e em seu lugar construído prédios da FATEC, ETEC e outra Faculdade.

COLINAS

Se a primeira região fisiográfica é a Planície, a segunda é a dos morros e colinas.
Ao Sul da Planície aluvial, partindo-se do Rio Tietê em demanda da Rodovia Raposo Tavares, já em Cotia, atravessa-se uma superfície acidentada, verdadeira colcha amarrotada de atalhos e baixos relevos.
Logo à saída da Estação de Carapicuíba, se percebe a mudança de chão. No próprio terminal Rodo-Ferroviário galga-se a rampa e a escadaria; indicio de que se está deixando a Planície e adentrando a zona acidentada.
Em alguns pontos, a passagem de um para outro relevo faz-se por íngremes rampas ou ladeiras; em outros sítios, porém onde não foram abertos acessos ou vias públicas, nota-se a presença contínua de barranco, às vezes perto de 20m de desnível. Exemplo típico está ao longo do antigo Educandário da Associação Santa Terezinha.
Em virtude da compartimentação da superfície, porém, a subida não é contínua. Assim, o transeunte que saiu da Estação de Trem, subiu pela Av. Rui Barbosa e a antiga Rua Ipê, atual Rua Ângela P. Tolaine atinge no ponto mais alto a Avenida general Teixeira Lott. Logo a seguir, entrando pela Rua Maria Catur é preciso descer muito até se chegar à Rua Cavatã, no fundo do Vale, pelo qual escoam as águas de um córrego, das enxurradas das chuvas ou esgotos. Se continuar sua marcha novamente, irá subindo até a entrada do Tamburi para tornar a descer ao fundo de outro Vale e outra vez subir até a estrada do Aderno.
Assim, portanto, ao Sul da Planície aluvial, lindeira ao Tietê, o terreno vai subindo e descendo desordenadamente. De modo geral, no entanto, o aspecto assemelha-se a um grande telhado de duas abas. Carapicuíba, pois, possui sua cumieira divisória de águas que é a Avenida Inocêncio Seráfico, ou a antiga estrada da Aldeia. As correntezas d´água, a partir desse comprido e sinuoso espigão, dirigem-se ou para Osasco desaguando na calha do Ribeirão Carapicuíba, a Leste, ou seguem no sentido contrário, para Oeste, buscando a calha do Rio Cotia, nos limites de Jandira e Barueri.
  
BACIA DO CARAPICUÍBA

Se nas nossas casas as duas abas do telhado costumam ser de idênticas dimensões, com o telhado de Carapicuíba não acontece o mesmo: a parte oriental, deitando para Leste é mais estreita e mais curta do que a ocidental, voltada para o por do sol.
Bacia é uma espécie de vaso redondo de bordas longas próprio para armazenamento de água e ou lavagem. Como o conjunto das terras drenadas por determinado Rio e seus afluentes mantém certa semelhança com uma bacia, estendeu-se tal significado a estas terras. Desse modo a aba do telhado de Carapicuíba que se inclina para o Leste, é a Bacia do Carapicuíba, porque esse ribeirão e seus afluentes drenam as águas dessa região municipal, nas suas margens esquerdas. Ele também funciona como a calha existente nos telhados.
Na Bacia do Carapicuíba situa-se a COHAB com seus terrenos em altitude variáveis, entre 719, perto do Tietê a 782 metros mais para o interior. Aí também estão a Vila Marcondes (737 na Rua das Pedreiras, 783 metros na Estada da Guabiroba) e morros de mais de 800metros; o Jardim Veloso a 70 metros; a Vila Dirce com 767 – 812 metros e a Vila Helena com 780 – 814 metros.
O divisor das duas bacias, a do Carapicuíba e a do Rio Cotia; foi aproveitado para o traçado da Avenida Inocêncio Seráfico. Esse espigão, ligando diferentes bairros é, praticamente, a única via de comunicação entre o centro e a Rodovia Castelo Branco e a Via Raposo Tavares.
A Avenida Inocêncio Seráfico é o remanescente do caminho palmilhado pelos Guaianases que habitavam Carapicuíba bem antes da descoberta do Brasil. Os indígenas, desviando-se do caminho de Cotia, desciam até o Tietê para pescar e se banhar. Em suas andanças estabeleceram-se construindo uma Taba com suas Ocas, gérmem da atual Aldeia de Carapicuíba.
O espigão mestre do município separa as águas das chuvas e as enxurradas alimentadoras dos córregos que se dirigem para outro afluente do Tietê, formando como já dissemos a Bacia do Carapicuíba e a do Cotia.
Ao longo da Avenida Inocêncio Seráfico passa quase todo o transito Sul/Norte da cidade. Em seu alinhamento estabeleceram-se firmas comerciais, indústrias, escolas, igrejas, o ginásio Poli-Esportivo, escritórios etc. É a Avenida Paulista de Carapicuíba, assim batizada pelo Profº Aziz Nascib Ab´Saber. É a segunda via mais importante para as transações comerciais internas e arredores, os terrenos alcançam elevado preço. É superada, apenas, pela Avenida Rui Barbosa.

BACIA DO RIO COTIA

Na Bacia do Cotia as altitudes oscilam entre 725 a mais de 860 metros. Aí se localizam: o centro já bem próximo à Planície, no início da Avenida Rui Barbosa, com seu comércio cada vez mais desenvolvido e a rede bancária.
Inúmeros são seus bairros e córregos afluentes do Rio Cotia que esculpiu fundos de vales deixando entre uns e outros, pequenas elevações, colinas, morrotes; curiosos interflúvios criando pequenos compartimentos. Cada uma dessas divisões nas encostas dos morros ou nos fundos dos vales tem nomes locais, diferenciando-se dos demais pelos nomes que assumiram geralmente derivados dos loteadores de terrenos.

GEOLOGIA – CLIMA – VEGETAÇÃO

A geologia de Carapicuíba é muito simples: consiste num substrato ou embasamento cristalino e uma cobertura sedimental.
Localizadas no planalto cristalino as rochas em profundidade pertencem a eras bem antigas; pré-cambrianas; constituídas de velhos terrenos geológicos que afloram em muitos lugares, especialmente nos topos dos morros e nos limites de Cotia. São granitos e rochas magmáticas, ou gnaisses, cistos e micachistos, rochas metamórficas, todas em franca decomposição em virtude de clima tropical úmido.
A planície próxima ao rio é constituída de sedimentos quaternários, portanto recentes, com ocorrência de argilas, areis e cascalhos. Granitos e gnaisses compõem-se de quartzo; produz areia, o feldspato vira argila ou barro de que a mica, mais outros ingredientes determina o colorido. Daí porque do estabelecimento das velhas olarias e a extração de areia que há mais de quarenta anos se processou a lagoa.
Durante o período Cretáceo, boa parte de Carapicuíba esteve coberta pelas águas do lago existente na chamada bacia de São Paulo, do período terciário. Portanto as rochas sedimentares da região dos morrotes e colonas pertencem a esse período.
São também argilas, areias e cascalhos, porém mais consolidadas do que as congêneres da Planície; devido á sua idade mais antiga. Quem se der ao trabalho de examinar o barranco existente no Corintinha, logo após o Ginásio Tancredo Neves, no lado esquerdo da Avenida Inocêncio Seráfico, poderá observar uma coluna com camadas de rochas de vários coloridos; são antigos sedimentos depositados no fundo do grande lago terciário.
Os solos pobres, sofrendo de acentuada erosão e forte lixiviação, foram outrora, cobertos de floresta da Mata Atlântica. Hoje, porém, em virtude da fúria predatória dos loteamentos e da construção da COHAB, recobrem-se de mirrada roupagem vegetal, com algumas capoeiras, cerrados e campos com dominância de gramíneas.
A disposição do relevo, as características do clima e a ação destrutiva do homem, influíram sobre a pobreza do solo agricultável e do revestimento florístico, acarretando inúmeros problemas para o traçado das vias públicas e a construção de edifícios.
A fauna é paupérrima. Já não existem animais de grande porte e não há peixes nos rios. Alguns pássaros, especialmente pardais, ainda teimam em sobreviver. Ratazanas, aranhas escorpiões e insetos, esses não faltam, especialmente em virtude da precariedade da higiene reinante.
  
A POPULAÇÃO
Quantos somos?

A população de Carapicuíba, de mui vagaroso crescimento anterior, nos últimos anos, mormente após a construção da COHAB, sofreu verdadeira explosão demográfica.
O Recenseamento de 1950 acusou 5.989 habitantes, além de 978 vivendo na Aldeia. Isso significa menos de 7.000 pessoas, portanto. Naquele tempo Carapicuíba estava dividida entre Barueri e Cotia. Os moradores de parte do território, da Avenida Teixeira Lott (ex Duque de Caxias) até o Tietê, pagavam impostos em Barueri, do qual Carapicuíba era distrito. Os restantes iam saldá-los em Cotia.
Em 1960, dez anos depois, esse número passou para 17.000 mil indicando o aumento de 10.000 habitantes em 10 anos. Aproximadamente 1000 por ano.
O censo de 1970 mostrou que já éramos 55.339 com uma densidade demográfica de 1.6 pessoas por km². Dessa quantidade, 52.35% constituíam a população masculina e 47.65% a feminina. Observa-se, portanto que agora o aumento foi de 38.400 criaturas, ou seja, 3.800 por ano, quatro vezes mais, por conseguinte, que no decênio anterior. Fazia cinco anos que Carapicuíba se constituira em Município, emancipando-se de Barueri.
Já o arrolamento de 1980 foi surpreendente 186.830 habitantes! A cidade recebeu mais 131.497 moradores, nesses cinco anos. Treze mil cento e cinqüenta em média, cada ano. E a densidade populacional atingiu a cifra de 5.343 habitantes por km².
Em 1995 estimava-se a população de Carapicuíba em cerca de 300.000 mil habitantes, número esse agora avaliado em 350.000. Quando se pensa que a densidade demográfica no Brasil não passa de 25 habitantes por km² quando se olha para Carapicuíba nota-se que esta pode ser inserida entre as cidades mais populosas do mundo atingindo a cifra de 11.000 habitantes por km².
Porque crescemos tanto? A população de um lugar pode crescer por dois motivos: nascem mais pessoas do que morrem. É o chamado crescimento vegetativo; ou porque chegam mais do que saem.
Pelos números apresentados acima, parece ficar evidente que durante certo tempo o crescimento vegetativo foi bem maior do que o devido à migração. Mas a partir de 1960-65, a chegada de pessoas superou em muito o número de nascimento.

A POPULAÇÃO
Quem somos?

A população de todos os lugares vai se modificando com o correr dos tempos. Assim aconteceu e continuará a acontecer em Carapicuíba. Tal modificação se dá tanto na qualidade quanto na quantidade e composição dos habitantes. Logicamente, Carapicuíba de hoje não é a mesma de ontem e não será a mesma de amanhã, embora permaneça sendo Carapicuíba.
Morre gente, nasce gente, alguns envelhecem, outros saem da cidade, chegam novas pessoas, uns casam outros descasam... Mudanças de toda espécie ocorrem diariamente.
Antes de 1500, por exemplo, Carapicuíba era habitada pelos índios Guaianases; anos depois foram chegando os portugueses e já havia duas etnias distintas; com a miscigenação foram nascendo os mestiços, filhos de brancos e índias. Quando chegaram os negros, embora poucos, a coisa ficou mais complicada, havia índios, brancos, negros e filhos de mestiços, mamelucos, cafuzos etc.
Como até, 1950, o crescimento demográfico de Carapicuíba era muito lento, durante certo lapso de tempo a população se conservou mais ou menos homogênea. Mas, a partir dessa data, as alterações foram sendo cada vez mais ligeiras.
Interessante é notar que os primeiros a chegar a Carapicuíba, na sua quase totalidade de origem estrangeira: árabes, russos, húngaros, alemães, portugueses, italianos, japoneses. Nos últimos anos paralisou a imigração estrangeira e intensificou-se a vinda de migrantes brasileiros. São dezenas de milhares vindos dos mais diferentes cantos do país.
Cada nova família chegada, sentindo-se beneficiada pelas condições aqui encontradas – que, embora precárias, acabam sendo melhores que as deixadas em seus lugares de origem – atraíam os parentes que por lá ficavam. Para se ter uma idéia do fenômeno, basta focalizar o caso da família Fernandes Teixeira, chegada a partir de 1950 – Hoje eles somam mais de 500 pessoas, quase todos vindos da região do Cedro e adjacências, do Ceará.
Desses novos habitantes, alguns, adquirindo pequenos lotes de terra, tornaram-se proprietários e comerciantes; outros foram residir nos apartamentos e casas da COHAB; outros ainda se aboletaram como puderam em moradias de familiares ou conhecidos, ou conseguindo pedaço de chão construíram barracos, fundaram favelas ou invadiram terrenos baldios. Desse modo a cidade alastrou-se por toda a parte, desordenadamente, com habitações as mais diversas impossível de se imaginar cobrindo morros e baixadas, várzeas e beiras de córregos e os bairros, as vilas ou jardins se esparramaram abrangendo quase todo território municipal que não tem zona rural, tem apenas a zona urbana.
Com isso e atrás disso, foram surgindo vários problemas, exigindo soluções rápidas, nem sempre, porém fáceis de serem encontradas: faltam transportes, fontes de abastecimento, escolas, hospitais, postos de saúde, calçamento, coleta de lixo, estrutura básica, luz, água, telefone, esgoto, emprego, trabalho etc.
A falta de colocação para tanta gente obrigou à procura de ocupação fora do município. Homens e mulheres, mão de obra farta e barata, não especializada, foram procurar serviço em Osasco, Presidente Altino, Imperatriz Leopoldina, São Paulo, Pinheiros, Lapa, Granja Viana e atualmente Alphaville. Carapicuíba continua sem oferecer praticamente nada a seus moradores.
Esse imenso exército de trabalhadores sai pela manhã regressando à noite transformando Carapicuíba em cidade dormitório o que é uma lástima porque nesse caminho seu futuro é a completa estagnação.
É claro que vários fatores internos e externos contribuíram e continuam influindo para que isso aconteça: a existência dos trens do subúrbio, com tarifas econômicas facilitando o transporte de massa e o deslocamento rápido da população; a emancipação do município que se desmembrando de Barueri criou um governo autônomo necessitando formar o quadro de funcionários; a construção de milhares de prédios e apartamentos na COHAB; favorecendo a moradia popular; a abertura de inúmeros loteamentos com diminutas áreas de 500, 250, 125 metros² a preço bastante razoáveis e amortização em longo prazo; o próprio crescimento da população estabelecendo condições favoráveis para abertura de casas comerciais de todo tipo, a isso se soma o enxame de ambulantes.
Tudo isso são elementos provenientes das migrações brasileiras, atraídos pela industrialização de São Paulo que, ali não encontrando facilidade de acomodação, procuram a periferia da cidade, os subúrbios, que lhes propiciam acolhimento.

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